terça-feira, agosto 26, 2008

38 - Expulsa

A escolha foi tua, meu amor. Escolheste magoar-me vezes sem conta e, um dia, fartei-me de dizer que te amava, de fazer o melhor que sabia para te agradar. Fartei-me de ser compensada com gritos, berros, palavras ofensivas e injustas… Palavras que tanto feriram os meus ouvidos. Fartei-me de amar quem não se apercebe desse amor ou, ainda pior, se se apercebe, o quer matar.
Será pecado odiar tanto quem, um dia, nos gerou? Odiar profundamente aquela mulher que, um dia, chegámos a dizer “és a melhor mãe do mundo”? Não, não pode ser. Pecado é falsificar sentimentos, esconder emoções e viver dizendo o que não se sente. Pecado é dizer-se “eu mato-te”, pecado é magoar-se desta forma alguém… e se substituirmos alguém por filha, o pecado será, certamente, bem maior.
A escolha foi tua. Não posso continuar a viver no meio desta esquizofrenia, porque estou farta de, sem perceber porquê, mudares de personalidade de dois em dois segundos. Faz-me mal viver assim; faz-me mal expulsar-te da minha vida, mas se continuar a viver assim vou morrer, todos os dias, um pouco mais.
A escolha foi tua. E talvez até tenhas sido tu que, com essa forma de viver, me tenhas expulso da tua vida. Eu não sei. Roubaste-me todas as certezas que fui construindo ao longo da vida…mas uma nova se criou: vou vencer nesta vida e vou vencer sem ti.

A escolha foi tua, mãe.