domingo, maio 22, 2011

55 - um dia

A música que oiço nos últimos dias é sempre a mesma, o som é ruim, de má qualidade e perpetua-se em mim. Persegue-me ou faz com que eu me arraste atrás dela. Não a quero ouvir. Não me quero ouvir. Quase louca, já nem escondo este sentimento, esta dor que, com ou sem motivo, é forte demais. Tento ser benévola para comigo mesma, tento dar-me tempo… mas temo que a dor instale-se em mim e me absorva, me consuma e que assim seja… para sempre! Sei o que quero, sei muito bem. Ser feliz, chega? .. muito bem. seja. absotempo. com ou sem motivo, e atira. só não sei o que fazer para matar esta dor que sinto, antes que seja ela a matar-me. Ah, como rapidamente descubro que me odeio!! E os olhos ardem… até as minhas lágrimas deixam marcas… se a minha vida estivesse escrita num livro, já não haveria página que tivesse sobrevivido a tamanha avalanche de choro… um dia… um dia desapareço e sei que ninguém dará por isso; um dia, desisto de mim; um dia, deixo-me cair, de vez; um dia... Hoje não foi o dia.

sexta-feira, maio 06, 2011

54 - feliz, por saber escolher!

Quando o sentimento é grandioso, brincar com as palavras torna-se num desafio. Penso, reflicto e percebo que o melhor mesmo é dar espaço para que os dedos deslizem sobre o teclado e escrevam aquilo que o coração sente. Desta vez, sem apagar, vou escrever por impulso. Sorrio e deixo que seja este bater do meu coração o autor deste pseudo-texto, deste sentimento, desta forma de luz. Deixo que este silêncio me envolva, este silêncio que só eu entendo, que só eu oiço, que só eu quero que faça parte de mim. Dou-lhe voz. Mas continuo a hesitar, continuo a questionar-me sobre a força das palavras, sobre a sua incapacidade de revelar aquilo que tão bem eu sinto, que me conforta, que me deixa segura, que me faz gostar de ti. Sei que lês o olhar, mas serás capaz de o ler por entre estas linhas? E saberei eu dizer o quanto gosto de ti, assim, juntando letras, sílabas, palavras, frases?! Não sei… por mais que me deixe cair no poço do alfabeto, por mais que faça dele um jogo e tente recriar novas palavras, nenhuma consegue ser sinónimo de ti, da tua forma de ser, do teu jeito e daquilo que eu sinto por ti!

Pouco me importa se não cresci ao teu lado; pouco me importa que desconheças as birras de infância e todas as minhas características peculiares que tão bem me descreviam; pouco me importa que estas histórias, que hoje possas saber por mim, não tenham sido momentos vividos por ti. Pouco me importa. Sei o que sinto, e o que sinto é muito. É tudo. Sabes o que realmente me importa? É que embora não te tenha tido desde sempre, tenho-te agora. E isso é uma sorte. Diferente, mas tão semelhante daquela que me deu à luz. Completam-se e eu preciso das duas. Muito.

Os olhos acabam por se fechar e a gargalhada é inevitável. Os pulsos continuam intactos, sem cortes, sem feridas… o coração bate, sinto que tem mais a dizer, mas não consigo… desisto de procurar a palavra exacta, porque afinal ela esteve sempre tão perto de mim… , mas nunca a quis banalizar… estou feliz!, definitivamente soube escolher!

E, quase sem fôlego, rendo-me e ouso dizer-te:

Amo-te … Mãe!