Vejo-te estagnado. Paraste com o tempo. Passo por ti, indiferente, e deixo que os meus olhos percorram todos aqueles corpos que pararam para me verem passar.
Ninguém sabe que eu estou ali, mas eu finjo que sou a estrela, a única que caminha; a única que é capaz de sentir todo aquele silêncio, a única que, quando todos acordarem, o saberá respeitar. Porque quando todos voltarem a caminhar apressadamente, cada um para seu lado; porque quando as vozes já se confundirem umas com as outras e quando os olhos parecerem cegos por nada avistar... Só eu vou saber como o silêncio me devolve a alma; como é tão bonito o som do mar e como é bom ver o olhar de cada ser sem se mexer e sem ter pressa de chegar ao destino que é quase diário.
Gostava que o tempo parasse mais vezes. Que, de cada vez que parasse, houvesse alguém que, como eu, deslumbrasse todo aquele momento. Assim, aos poucos, todos iriam saber como é bom sentir aquela paz e como a podemos trazer ao mundo real, onde o tempo trabalha constantemente e, por isso, jamais poderá parar.