domingo, junho 17, 2007
sábado, junho 09, 2007
35 – Eu não queria
Há mundos que se transformam com uma rapidez que assusta. Entre o querer e o não querer a barreira é curta, quase inexistente. É preciso cuidado. É preciso cuidado para não tropeçar e cair do lado errado do mundo. Eu tropecei. Caí e ainda não me levantei, ainda não consegui começar a caminhar na direcção do mundo onde, outrora, me encontrara.
Sem limites. Experimenta-se o primeiro cigarro, o primeiro charro, as primeiras bebedeiras, as primeiras loucuras. Sentimo-nos únicos, felizes e com uma capacidade incalculável de continuar a experimentar mais e mais. As primeiras dietas. Os primeiros dias sem comer. As primeiras compulsões. Os primeiros vómitos provocados. Os primeiros laxantes.
Eu queria ter experimentado tudo, mas eu não queria ter continuado, eu juro.
Olho à volta. Começo a sentir que este já não é, de todo, o meu mundo. Isolo-me. E, quanto mais o tempo passa, mas distante estou de tudo aquilo que me fazia bem, que me fazia sorrir e rir como uma louca.
Agora, só a dor me faz bem; só esta sensação de perda me alimenta o gosto de querer continuar à procura de uma perfeição que não existe.
E se no início é difícil esconder este novo comportamento, estes novos ideais, depois torna-se fácil. A revolta, aparentemente, desaparece. Consigo sorrir mesmo quando por debaixo das camisolas se encontram as cicatrizes que um dos meus novos amigos, o x-acto, me fez na noite passada. Depois disto, já nada importa. A mentira é constante. Mente-se a primeira vez, mente-se até ao fim.
Desisto de tudo. Dos falsos amigos, do namorado, do amor, da vida. O medo e a solidão, a dor e o prazer, passaram acompanhar-me. Não existe quem me ame. Sinto isso, de cada vez que tento pedir ajuda e ninguém reconhece, pelo meu rosto, pelas minhas palavras, esse mesmo pedido. Manda-se uma mensagem a uma amiga: “Estás em Lisboa?”, ela responde “não”. Tudo bem, na verdade, também não sei se conseguiria contar-lhe alguma coisa; no momento, faltar-me-iam as palavras e eu sentir-me-ia ainda mais inútil. Foi melhor assim.
Apesar de tudo, sei que não sou a única que vive neste mundo e isso, apesar de parecer cruel, faz-me sentir que não estou verdadeiramente só.
Eu não queria.
Sem limites. Experimenta-se o primeiro cigarro, o primeiro charro, as primeiras bebedeiras, as primeiras loucuras. Sentimo-nos únicos, felizes e com uma capacidade incalculável de continuar a experimentar mais e mais. As primeiras dietas. Os primeiros dias sem comer. As primeiras compulsões. Os primeiros vómitos provocados. Os primeiros laxantes.
Eu queria ter experimentado tudo, mas eu não queria ter continuado, eu juro.
Olho à volta. Começo a sentir que este já não é, de todo, o meu mundo. Isolo-me. E, quanto mais o tempo passa, mas distante estou de tudo aquilo que me fazia bem, que me fazia sorrir e rir como uma louca.
Agora, só a dor me faz bem; só esta sensação de perda me alimenta o gosto de querer continuar à procura de uma perfeição que não existe.
E se no início é difícil esconder este novo comportamento, estes novos ideais, depois torna-se fácil. A revolta, aparentemente, desaparece. Consigo sorrir mesmo quando por debaixo das camisolas se encontram as cicatrizes que um dos meus novos amigos, o x-acto, me fez na noite passada. Depois disto, já nada importa. A mentira é constante. Mente-se a primeira vez, mente-se até ao fim.
Desisto de tudo. Dos falsos amigos, do namorado, do amor, da vida. O medo e a solidão, a dor e o prazer, passaram acompanhar-me. Não existe quem me ame. Sinto isso, de cada vez que tento pedir ajuda e ninguém reconhece, pelo meu rosto, pelas minhas palavras, esse mesmo pedido. Manda-se uma mensagem a uma amiga: “Estás em Lisboa?”, ela responde “não”. Tudo bem, na verdade, também não sei se conseguiria contar-lhe alguma coisa; no momento, faltar-me-iam as palavras e eu sentir-me-ia ainda mais inútil. Foi melhor assim.
Apesar de tudo, sei que não sou a única que vive neste mundo e isso, apesar de parecer cruel, faz-me sentir que não estou verdadeiramente só.
Eu não queria.
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