sexta-feira, janeiro 12, 2007

27 - Nem sempre

Nem sempre as palavras que se dizem são aquelas que se querem dizer, porque nem sempre se ama quem se quer amar, porque nem sempre se vive como se quer viver.
Como podem as palavras ser mais do que palavras? Como podem ferir tanto alguém?
Será que elas têm esse direito? O direito de poder, de posse, de lei.
As palavras deixam de existir quando o olhar expressa tudo aquilo que elas, enquanto simples e meras palavras, não são capazes de dizer.
Assim, a força do olhar está na representação quer dos nossos sentimentos mais simples quer dos nossos sentimentos mais complexos.
E, embora ame as palavras, se um dia tivesse que escolher entre o conjunto de letrinhas e o olhar, pois muito certamente que preferia o olhar, pela sua genialidade em mostrar o quão nos sentimos felizes, embaraçados, revoltados ou, até mesmo, quando queremos que alguém nos seja indiferente.
Assim, a pureza está naqueles de quem a vê e naqueles de quem a sente.
Porque nem sempre as palavras são sinceras, porque nem sempre se quer magoar quem, com as palavras, acabamos por magoar.

17 comentários:

  1. As palavras são sempre certas, como uma lâmina ou como um beijo - a questão é sabermos usá-las sinceramente, certeiramente e no tempo certo.

    Um beijo

    PS - Há olhares que enganam...

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  2. O problema dos olhares é que é grande a possibilidade de a memória os apagar. As palavras ficam, ficam sempre, sobretudo se forem escritas. E aqui o problema é que se as palavras não forem agradáveis, tendem a ocupar o espaço dos bons olhares na memória.

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  3. Até concordo contigo que nenhuma palavra consegue substituir o sentimento e significado de um olhar...
    Mas as palavras é que dão a certeza que o coração precisa.
    Sem elas, não passa de um olhar... acredita.

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  4. Entre as palavra e o olhar, lamento, mas não consigo escolher. Recordo-me dos melhores e dos piores momentos que passei com alguém e não consigo dissociar as palavras que me foram ditas do olhar da pessoa de quem mas disse. E estou como o amigo cuotidiano diz aqui em cima, os olhares, tal como as palavras, conseguem ser muito mentirosos...

    Beijo.

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  5. Só sei que, embora as palavras sejam importantes, dizemos mais com o olhar. Quem nos conseguir "ler"no olhar consegue ver efectivamente o que queremos dizer e não conseguimos.
    E é tão bom não ser necessário proferir palavras. Porque quando conseguimos decifrar um olhar já temos as respostas que procuramos.

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  6. Eu amo as palavras, por isso... sou suspeita...

    Beijos grandes

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  7. A verdade é que quem não conseguir ler no olhar, muito dificilmente saberá usar as palavras... Quer sejam escrita, ou ditas.

    :-)

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  8. As palavras gastam-se, as palavras "zipam" os sentimentos, as palavras têm um fim... os sentimentos estão para além das palavras... encaixar sentimentos em palavras é um exercicio de explicação para a linguagem do coração
    :)
    bjs

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  9. As palavras e os olhares são, igualmente,importantes...beijo...

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  10. As palavras podem ser terríveis... podem destruir.
    No entanto também são muito importantes, quando ditas com verade.

    O olhar... nem sempre é fácil de decifrar.

    Beijinhos.

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  11. As acções são mais fidedignas do que qualquer palavra...Falar é fácil, dificil é viver aquilo que se diz (ou escreve).
    Voto no olhar:)

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  12. As palavras podem enganar (basta querermos!). O olhar não. Pelo menos daquele que é verdadeiro, olhos nos olhos, com ou sem palavras.
    bj
    Gui
    coisasdagaveta.blogs.sapo.pt

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  13. Tb me prg mts vezes pq é q dzms csas q n sentimos, só para magoar, para nos defendermos, so pq estamos irritados, fora de nós... pq? bj

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  14. Obrigada pelos comentários! :-)

    De certo, que me era impossível viver sem as palavras... viver sem o olhar... viver sem o sentir!

    Beijos!*

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  15. Palavras e olhares: não serãos umas os outrso e vice-versa?
    E como é verdade tudo quanto dizes...

    Belo texto...

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  16. nada bate o olho do cú (vulgo: verborreia):

    A CAMINHADA

    Que são palavras sem dor?
    A limitada emoção de ver teu novo cognome no ecrã
    não se compara
    ao ritmo bulímico da aceitação
    deste corpo,
    frágil e refeito em momentos
    resistente mas cicatrizado de simbolismos,
    tão perdido a tentar libertar um desejo
    que possa ser seu, um objectivo
    assumido.

    Foram olhares que não conseguiu retribuir,
    os únicos
    que poderiam deslizar pela lama das formas
    enregeladas mas moldáveis,
    prevalecendo uno com som puro e afinado
    como pardais ao amanhecer,
    jovens de braços soltos
    do ninho para as crostas até ao desalento.
    Somos meras amoras
    de tristeza banal fraca demais
    para se suster sozinha
    na mentira que é a nossa vida.

    Sim minha senhora
    quero e uso a educação para criar contraste,
    num fugaz relato de veias com sangue
    sem perseverança para colar as asas e voltar a contestar
    a ferida, nas canadianas de angústia
    é este o destino
    e todos fingem amar e não sabê-lo.
    As flores apontam o dedo ao fumo das secreções
    pois sabe bem ser falso optimista e
    rotular a morte que todos alimentamos.

    É vício, ilusão inebriante atropelada de
    glamour amolgado nas lajes do tempo,
    todos te conhecem e se perdem em ti
    ou ficam ociosas crianças no hábito de
    corda ao pescoço e telecomando à mão,
    afogados nos lençóis escorregadios da espera
    de ver, um dia, a face idílica da epidemia
    sussurando o bilhete da passagem proscrita.
    Sei da condição, sinto-a a provocar-me
    para a partir em pedacitos miseráveis quando assim fôr
    a última forma de expressão
    possível.
    2003
    joão meirinhos in fotosíntese

    www.motoratasdemarte.blogspot.com

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  17. As palavras...
    Tão enganadoras conseguem ser...e outras vezes tão certeiras...
    ...são de quem as lê, por isso têm magia...

    Quanto ao olhar...
    É aquilo que é...não se mascara...!

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