quarta-feira, setembro 13, 2006

20 – Momentos

O tempo pára. O calor deixa de aquecer e o vento deixa de me bater na cara.
Vejo-te estagnado. Paraste com o tempo. Passo por ti, indiferente, e deixo que os meus olhos percorram todos aqueles corpos que pararam para me verem passar.
Ninguém sabe que eu estou ali, mas eu finjo que sou a estrela, a única que caminha; a única que é capaz de sentir todo aquele silêncio, a única que, quando todos acordarem, o saberá respeitar. Porque quando todos voltarem a caminhar apressadamente, cada um para seu lado; porque quando as vozes já se confundirem umas com as outras e quando os olhos parecerem cegos por nada avistar... Só eu vou saber como o silêncio me devolve a alma; como é tão bonito o som do mar e como é bom ver o olhar de cada ser sem se mexer e sem ter pressa de chegar ao destino que é quase diário.

Gostava que o tempo parasse mais vezes. Que, de cada vez que parasse, houvesse alguém que, como eu, deslumbrasse todo aquele momento. Assim, aos poucos, todos iriam saber como é bom sentir aquela paz e como a podemos trazer ao mundo real, onde o tempo trabalha constantemente e, por isso, jamais poderá parar.

segunda-feira, setembro 11, 2006

19 – Se fosses tu

É à noite, quando o silêncio me invade, que me aqueço ao lembrar-me do teu sorriso e te vejo a correr por entre os campos onde o sol, ao longe, nos canta baixinho.
Recordo-me todos os dias dos momentos que passei contigo e onde fui tão feliz. Porque não os quero esquecer, lembro-me e relembro-me deles a cada instante em que o tempo parece parar.
Nós. Era a palavra que nos encantava; que nos fazia crer que iríamos morrer assim, bem apertadinhos, a rebolar naquele chão macio, que nos fazia cócegas e onde depois, aos nos levantarmos o problema era sempre o mesmo: as calças-de-ganga tornavam-se verdes. Agora sorrimos. Agora, distantes, já sem ter a certeza de que tu ainda te lembras de mim, começo a questionar-me o que seria de mim, se o homem que me acompanha, que se encontra ao meu lado, fosses tu...

terça-feira, setembro 05, 2006

18 - Até à próxima noite

Afagas o meu choro com os teus beijos. Beijos que me calam e que deixam o meu corpo sem formas, para que se possa moldar de modo a encaixar no teu. Deixo que me domines. De todas as noites que fazemos amor caio morta nos teus braços, deixando que me ames até à exaustão. Horas de prazer. Momentos que me ficam gravados para os poder recordar assim que a porta se fecha e tu deixas de aqui estar. Beijas-me e depois dizes adeus. Agora, caminhas para a tua outra casa, para a tua outra mulher e para os teus filhos. Caminhas para a tua família e eu fico aqui à espera da próxima noite que virás até mim, amar-me como só tu sabes. Espero-te, sempre. Até à próxima noite.

sexta-feira, setembro 01, 2006

17 - Precisas do Mundo

Às vezes acreditas que só precisas de ti para seres feliz. Por muito que o silêncio seja importante - por nos dar as respostas às perguntas que nos fazem sofrer; por nos fazer descobrir mais um pouco de nós próprios; por nos aquecer nas noites mais frias de Inverno... Por ser assim tão mágico -, não nos podemos deixar envolver completamente nessa nódoa sem som, nesse pensamento nu, onde nada nem ninguém o invade, porque nada existe a não seres só tu. Precisas de conhecer o sabor de um abraço forte, de apoio, de encorajamento, de felicidade ou simplesmente de ternura; precisas de sentir o tocar de duas bocas que se beijam apaixonadamente; precisas de te ouvir, sim, mas precisas tanto dos outros e não o tentes negar, porque ninguém consegue viver uma vida feliz completamente só. Por isso, sorri de cada vez que te sorrirem...







*Não consegui postar mais cedo porque fiquei estes dias sem Internet.