domingo, dezembro 20, 2009

Parabéns, minha Mãe

Este sim é um post pessoal, sem ficção, onde as personagens são reais e desempenham o papel de mãe e filha. A diferença é que eu, aqui, para além de sentir também vivo, porque esta é a minha história. Espero que compreendam a diferença ;)

Querida mãe,

Há pessoas que, indiscutivelmente, fazem parte de nós. Sorrimos por ver o seu sorriso e desmoronamo-nos quando sentimos a sua tristeza. Pessoas que estão sempre connosco, estejamos nós onde estivermos. Sentir que alguém faz parte de nós, que nos complementa, nos completa, nos enche de Vida é tão bom. Há quem diga que quem nos ama não nos pode fazer sofrer. A verdade, porém, é que são precisamente as pessoas de quem gostamos que mais nos magoam. A razão é mais simples do que se poderia supor. As palavras só ganham significado por quem as diz. A mesma palavra tem, certamente, uma força diferente conforme a pessoa que a diga. Não me afecta minimamente as palavras maldosas de gente que não me é especial, que desconheço ou por quem não nutro afecto. Mas uma palavra mal dita de quem se Ama? Ai como dói. Magoa. Mata por dentro. E porquê? Porque precisamos tanto do amor dessa pessoa que esquecemo-nos que ela também é Humana, que erra e que não vive neste Mundo exclusivamente para nos agradar. Mas nós, tolos, colocamos num pedestal bem alto todos aqueles que nos preenchem por dentro, consideramos essa gente intocável, seres quase superiores, que têm obrigatoriamente que corresponder às nossas expectativas. Depois... depois a queda é grande, quando nos sentimos desiludidos ou, talvez, envolvidos numa ilusão que, agora, nos faz sofrer.

Este borbulhar de emoções, de afectos, de sonhos, desejos; este conflito interno de querer tanto que o outro nos ame tanto ou mais do que nós o amamos; este acreditar que só os outros nos magoam e só nós temos os valores e as acções perfeitas; este sofrer pelas acções dos outros que nos são queridos; este vibrar intenso com a vida dos nossos amores...

Para tanta, tanta, tanta gente tudo o que acabei de dizer é excessivamente intenso, desnecessário e, para alguns mais radicais, será obsessão ou, até mesmo, de forma extremista, doentio. Ao ponto em que chegámos. Considerar alguém diferente só porque sabe Amar. É triste. É tão triste esta mentalidade de que só Eu sou importante, de que só posso pensar em mim e sofrer por mim. Onde está o altruísmo? Morreu há muito, parece. Por isso, quando vêem alguém tola como eu, riem, fazem troça. E eu sorrio. Sorrio porque sei que, neste caminho que continuo a fazer questão de percorrer, já sei Amar como muita gente não sabe. E é bom. Muito bom, apesar das imensas dores de cabeça que se tem, das imensas lágrimas que se deixa derramar... assim vive-se. Mudar? Não. Simplesmente aprender a ganhar defesas para que as quedas, aquando uma desilusão, não sejam tão dolorosas. E aprender a saber perdoar é divino, por ser tão importante. Perdoar uma, duas vezes é Humano; perdoar repetidamente um mesmo erro é Estupidez.

Há pessoas que queremos ter connosco para toda a nossa Vida – aquela Vida que julgamos ser eterna. Uma dessas pessoas és tu, minha querida Mãe. É impossível imaginar cada vitória sem ti, cada pequena derrota sem ti, sem o teu aparo, o teu apoio, a tua coragem, a tua força. Preciso tanto de ti. Preciso tanto daquela mãe que brincava comigo, ria comigo, partilhava segredos comigo. Preciso tanto daquela mãe que me viu crescer, que me soube amar de braços abertos, de coração aberto. Preciso tanto daquela mãe companheira, sorridente, feliz, doce, optimista. Preciso tanto daquela mãe que fez com que Amasse tanto a minha infância por ter sido tão perfeita. Preciso tanto daquela mãe que irá acompanhar toda a minha vida futura, que fará parte dos meus projectos, que vibrará com eles e sorrirá por ver todos os meus sonhos a ganharem corpo, vida, força!

Minha Mãe...

Saber que à mínima discussão contigo o meu dia está condenado ao fracasso e a uma tristeza que me corrói. E tudo isto porquê? Porque te Amo Tanto. Preciso de ti. Preciso do teu Amor – do Nosso Amor.

Quase três meses e meio sem te abraçar, te tocar, te olhar nos olhos. Uma saudade que me faz crescer e amar-te mais, bem como perceber a importância que tens na minha vida. Como gosto de ti, Chiça!

E hoje, minha mãe, é o teu Aniversário. 20 de Dezembro, e tu sem mim. Cinco dias depois, a 25 de Dezembro, e tu sem mim, e eu sem ti. Mas é tão bom termos esta capacidade de querer aprender e não é, de todo, a distância física que nos separa. Temos Amor suficiente para construir o nosso caminho, inabalável, e que, obrigatoriamente, se cruza. Por isso, temos vantagem. Estamos a passar por uma experiência que poucos têm a sorte, ou a coragem, de a viver. Por isso, é com um enorme sorriso no rosto que digo: P A R A B É N S! E quero, verdadeiramente, que penses que tudo aquilo que acontece não é por acaso e que os maiores obstáculos só se atravessam daqueles que têm a força para os ultrapassar. Fecha os olhos. Eu fecho os meus, também. E pensemos nos pequenos pormenores que, embora pequenos, fazem toda a diferença.

Aproveita o dia de hoje. Vive-o! Abarca cada gesto e respira todos os sonhos que ainda tens por realizar. Vais conseguir, sabes disso. Consegues sempre. Sempre! Minha mãe, minha Super-Mulher, minha Heroína.

Gostava de te poder dizer mais, mas não sei que palavras usar, porque todas me parecem tão poucas para demonstrar aquilo que sinto por ti.

Amo-te. Ontem. Hoje. Amanhã. Sempre.

Um beijo,

         Da tua filha que te adora,

                                                          Sara Mota